quarta-feira, 19 de setembro de 2012


SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 2011

O Dia do Senhor - Sábado ou Domingo?

Algumas mudanças aconteceram no início da fase da igreja cristã, no século primeiro (NT), e entre elas foi a mudança da guarda do sábado para o Dia do Senhor. Não podemos esquecer que o culto a Deus prestado publicamente pelo seu povo, sempre foi o mesmo, quer no AT, quer no NT. Deus sempre teve um povo por Ele chamado e convocado para adorá-lo publicamente, proclamar as suas virtudes, declarar ao mundo a confiança e a fé nEle, culto ou reunião que Ele era servido espiritualmente através de vários exercícios (orações, cânticos, louvores, leitura da Sua palavra, instrução ao povo, tanto no antigo testamento como no novo, o culto foi e é essencialmente o mesmo. É um encontro com Deus redentor, o criador de todas as coisas, o Deus a quem nós nos submetemos.

O que garante essa identidade do culto do antigo com o novo testamento é a aliança que Deus fez com seu povo. É a mesma aliança que foi feita com Abrãao, Isaac e Jacó, e que nós temos a aliança ratificada em Cristo Jesus. Mesmo povo, mesma aliança, mesmo culto, mesmo caminho de salvação. No antigo testamento as pessoas eram salvas exatamente como nós somos hoje, pela fé no Messias que havia de vir, e hoje nós somos salvos pela fé no Messias que veio. Em ambos os casos, tanto eles como nós, é pela fé e pela graça, nunca foi por obras, nunca foi pela lei, sempre foi da mesma maneira. A igreja cristã é a continuação espiritual do Israel de Deus. Nessa unidade existe uma diversidade, ou seja, no antigo testamento, antes da vinda de Cristo, esse culto era feito de maneira diferente, pois nele continha determinados elementos, determinadas formas, e algumas manifestações particularmente externas, que eram diferentes porque elas eram típicas, eram sombras, eram figuras das realidades que haveriam de vir. É por isso que no antigo testamento havia um culto mais elaborado, um lugar fixo de adoração, havia todo um sistema de sacrifício, havia uma classe de homens, uma elite espiritual chamado de Sacerdotes juntamente com os Levitas para ajudá-los, que ministravam constantemente no templo, as regulamentações referentes as orações, as ofertas foram feitas de maneira minuciosa, e tudo aquilo era típico, era simbólico, todas estas coisas apontavam para Cristo. No antigo testamento você tem a sombra, tem a figura, tem o tipo, apontando para o Senhor Jesus, e nós vivemos no período em que Ele já veio que portanto, completou, cumpriu, terminou estes aspectos do culto no antigo testamento.

Embora o culto em essência seja o mesmo, ele foi administrado de maneiras diferentes durantes estas duas dispensações. A dispensação do antigo testamento foram símbolos, figuras, formas, ações externas, cerimonial, e no novo testamento é uma liberdade maior, espiritualidade, uma compreensão mais ampla, uma vez em que Jesus já veio e fez a diferença. A vinda dEle, o seu nascimento, a sua morte, sua ressurreição e o dia de Pentecostes marcaram uma diferença na maneira como o povo de Deus oferecia esse culto que sempre foi o mesmo através das eras. E entre as mudanças efetuadas está exatamente essa, com relação ao dia do Senhor, a guarda do sábado.

19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. 20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. 21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. 23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 24 Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. (João 4:19-24)


O texto acima, narra o encontro de Jesus com a mulher samaritana, e no meio da conversa é levantada a questão do culto. A mulher sendo uma samaritana, ela adorava a Deus juntamente com os samaritanos no templo que havia no monte Gerezim. E aquele templo foi edificado contra as ordens de Deus, um sacerdócio que era ilegal foi também constituído, isso foi depois que Israel foi levado pro cativeiro, e os babilônicos como tática de guerra trouxeram sua gente para morar em Israel que já estava deserta, fazendo uma espécie de sincretismo, trouxeram seus deuses, misturaram sua religião com a de Israel, e dessa mistura de babilônicos com israelitas, nasceu essa raça mista “samaritanos”, que também tinha um culto misto, um culto eclético, tinham suas próprias escrituras, rejeitavam uma parte do Pentateuco, tinha sua própria ordem sacerdotal, e por isso que os judeus não se davam com os samaritanos, e no encontro de Jesus com essa mulher, naturalmente a questão do culto veio a tona, porque os samaritanos diziam que deles eram o verdadeiro culto a Deus, já os judeus disseram que não, eles é que tinham recebido a verdadeira revelação.

A questão toda começa quando a samaritana pergunta a Jesus (vers. 20), onde se deve adorar a Deus, e Jesus deu uma resposta surpreendente até para os judeus (vers. 21-22), onde Ele deslocaliza, dizendo que não haverá mais local santo, não haverá mais um local único, destacado, exclusivo para o culto a Deus, nem lá em Samaria, nem lá em Jerusalém. Quando meche o templo, meche no dia, porque a reunião maior deles era nos sábados no templo, meche na ordem dos sacerdotes, meche no processo dos sacrifícios, então aqui está a profecia de Jesus de que uma mudança radical estaria para acontecer no culto que era prestado a Deus. Jesus diz (vers. 23) que já chegou a hora em que os verdadeiros adoradores adorarão a Deus em espírito e em verdade. Jesus introduz o conceito de que uma mudança profunda estaria para acontecer no culto prestado a Deus. Estas mudanças de fato vieram a acontecer, onde destacarei algumas delas, que foram efetivadas por Cristo e pelos apóstolos:

1ª. Templo (local de adoração) – O culto no antigo testamento só podia realizar-se no templo. Culto público a Deus onde Ele sempre escolhia locais específicos para revelar-se (Dt 12:5 e 11, Dt 15:20, Moisés diz ao povo de Deus, quando vocês entrarem na terra prometida, não vão adorar a Deus em qualquer lugar, mas Deus vai designar locais de adoração, orientando para impedir que o povo se misturasse com as religiões dos povos que já habitavam naquela terra, e que adoravam em locais que estavam relacionados com suas divindades). Eles já tinham mais ou menos uma idéia que seria assim, porque durante os 40 anos de peregrinação que fizeram no deserto, adoravam a Deus no tabernáculo. Deus havia mandado fazer um tabernáculo, uma tenda especial, com medidas especiais, que acompanhavam o povo, e onde o tabernáculo parava, e era edificado, erigido, instalado e ali o povo adorava a Deus, não podiam sacrificar animais em outro local a não ser no tabernáculo pelo sacerdote, pelos levitas, todo ritual seria feito, ligado ao local onde estava o tabernáculo, ou em nenhum outro lugar. Quando eles entraram na terra prometida, que Deus havia dito, coube a Salomão seguindo a Davi, erigiu o templo segundo as ordens de Deus, onde havia a arca, sacrifícios, dízimos eram trazidos, as ofertas, as consagrações, toda religião de Israel concentrava-se naquele templo construído em Jerusalém, por ordem de Davi, e pelo esforço de Salomão. Quando Jesus veio, Ele teve uma atitude para com o templo que chocou a muitos, por um lado Ele mostrou um grande respeito pelo templo, quando entrou e purificou expelindo do templo os vendedores ambulantes, os aproveitadores, (Jo 2:17-23) dizendo “a casa de meu Pai é casa de oração”, mostrando reverência pelo templo de Salomão. Porém, Ele falou de um outro templo que seria erguido após a sua ressurreição substituindo aquele templo construído por Salomão (Jo 2:18-22), “se vocês destruírem este templo, ele será reconstruído depois de três dias e não por mãos humanas...”, e todos pensavam que Ele estava falando do templo de Salomão. Mas na verdade Ele estava se referindo ao símbolo de Seu corpo, a queda do templo era o símbolo de Sua morte, e sua reconstrução em três dias depois simbolizava Sua ressurreição, portanto, Jesus já ensinava que o templo era simbólico, era típico, apontava para uma outra realidade. Os discípulos entenderam que o culto a Deus não era mais para ser num único local santo, exclusivo, pois nas cartas que Paulo escreveu, ele diz que a igreja está unida ao Cristo vivo, e onde ela está reunida, eis aí o templo de Deus. A igreja agora é o ajuntamento dos crentes (na cidade, na praia, no campo, nas cavernas, na catacumba, onde o povo de Deus ali convocá-lo e estiver presente para cultuá-lo, ali está o templo de Deus. Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo (1Co 3:16-17). Paulo exortava ao povo da igreja quando não havia templos, pois os templos cristãos só começaram a ser construídos a partir do século IV, quando o cristianismo passou a ser aceita legal, e posteriormente a religião oficial do império romano. Daí, os cristão saíram das casas, das catacumbas e construíram as primeiras grandes edificações onde se reuniam regularmente.  Não há mais um local santo, exclusivo de adoração a Deus.



É um erro grande quando nos reunimos no templo, e identificamos essa construção como sendo o templo do antigo testamento, chamamos púlpito de altar, chamamos cantores de levitas, chamamos pastores de sacerdotes, queremos reativar uma coisa que Cristo aboliu, e estas coisas eram partes do culto do antigo testamento, coisas simbólicas, que apontavam para Jesus, a nossa união mística com Ele, e agora a igreja não está presa a local nenhum.



2ª. Sacrifícios – No templo do antigo testamento se faziam sacrifícios de animais. Eram quatro tipos de ofertas que eram oferecidas pelo povo de Israel. O israelita trazia um cordeiro (Lv 1, 6:8-15), boi ou bezerro, macho, sem defeito, de preferência o primogênito, para oferecer a Deus, e ao queimar o animal, o cheiro da carne e gordura queimada, era dita que subia como aroma agradável a Deus. Tinha também o sacrifício, onde o ofertante comia da oferta daquele animal que era queimado na presença de Deus (Lv 3, 7:11-14). Em terceiro lugar, tinha as ofertas pelo pecado cometido pelo ofertante (Lv 4, 6), onde ele estava consciente que havia pecado, e para ser perdoado sacrificava o animal pelo sacerdote. E as ofertas de manjares (Lv 2, 6:14-18), de cereais, especificados da colheitas que era recolhida pelo ofertante. Na vinda de Jesus, (Jo 1:29) João Batista viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. O sacrifício de Jesus foi único, perfeito, completo, eficaz e suficiente, que não pode ser repetido. Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus (Hb 10:12). Os sacrifícios que nós devemos fazer é, Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me (Lc 9:23). Referindo-se ao culto racional, “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus (Rm 12:2)”“Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome (Hb 13:15)”. Temos que oferecer corações que entoam os louvores de Deus. O cristão agora se gloria no sacrifício de Cristo.



3ª. Sacerdote – No antigo testamento o sacerdote era a figura mais importante, onde eles tinham uma função importantíssima, que era de oferecer os sacrifícios a Deus, imolavam os animais, de acordo com as regras estabelecidas por Moisés, e intercediam em favor do povo, pedindo a Deus o perdão, com auxílio dos levitas. Os levitas eram os porteiros que cuidavam do templo, quando terminavam os sacrifícios, eles iam limpar animal, limpar o local do sacrifício, limpar o fogão, limpar o altar, e quando tinha tempo eles iam tocar e cantar. Engraçado é que hoje tem gente que se diz ser levita só porque canta ou toca um instrumento musical, onde no AT, cantar ou tocar era uma fração do trabalho dele. Na vinda de Jesus todas estas coisas foram abolidas. Ele reuniu em Si, todas as funções do sumo sacerdote e dos sacerdotes do antigo testamento. Porque somente Ele satisfaz as condições divinas e humanas, e pra isso Ele tornou-se o único mediador, intercessor entre Deus e os homens (1Tm 2:5, Hb 2:17, Hb 7:25-28, Ap 1:6, 1Pe 2:9). No novo testamento, por virtude da união com Cristo, todos os cristãos são na verdade sacerdotes, porque todos eles podem participar da ceia do Senhor, todos eles podem interceder (1Tm 2:1), eles ministram mutuamente (uns aos outros), portanto, cada cristão faz a mesma coisa, não há mais um sacerdote (clero), pastor também não é sacerdote, a oração do pastor não é mais forte do que a ovelha, pois o mediador é o mesmo. Ficando livre o acesso a Deus mediante Jesus Cristo.


4ª. Dia do Senhor – Caiu o templo, caiu o sacrifício, caiu o sacerdócio, e ficou a questão do dia, porque tudo isso era feito no sábado. O culto no antigo testamento tinha tempos e épocas determinados por Deus. Tinha o sábado como o 4º mandamento, dia em que grande parte desse culto era realizado, e haviam várias festas anuais, havia a festa da páscoa, havia a festa do Tabernáculo, havia a festa de Pentecostes, havia festa de dedicação, fora isso tinha o ano do Jubileu, tinha dias santos como Lua Nova, e as orações eram prescritas três vezes por dia em determinados horários, podia-se orar em todo lugar, mas especialmente três vezes ao dia no templo, ou voltado para o templo, como fez Daniel na babilônia. Quando Jesus veio, ele se opôs a tudo isso, não à lei de Deus, mas a maneira como o judaísmo da sua época havia tomado aquelas leis e sacramentado, cristalizado, calcificado num legalismo absurdo. E de propósito, Ele saiu quebrando aquelas tradições humanas que foram construídas em cima da lei de Deus. Deixou os fariseus furiosos por: comer espigas de milho num dia de sábado (Mt 12:1-4), curou um homem com a mão mirrada num dia de sábado (Mc 3:1-5), curou uma mulher curvada (escrava de satanás durantes muitos anos) num dia de sábado (Lc 3:10-17), curou um homem hidrópico e inchado num dia de sábado (Lc 14:1-6), curou um paralítico num dia de sábado (Jo 5:1-18), curou o cego no tanque de Siloé num dia de sábado (Jo 9:1-41). Porque que Jesus fez isso? Porque o judaísmo da sua época, havia transformado a guarda do sábado, colocando regras e mais regras em cima das regras que Moisés havia dado para a guarda do sábado. Estipulavam o quanto a pessoa podia andar naquele dia, o peso que a pessoa podia carregar naquele dia, regras minuciosas a ponto de perder de vista o propósito do mandamento. Jesus veio e afrontou essa interpretação legalista da guarda do sábado nos seus dias. Como a igreja via essa questão da guarda do sábado? Na verdade, o cristianismo santificou todos os dias da semana, e ocasiões como sendo tempo de culto, e eliminou dias santos. A igreja cristã não celebra a páscoa, mas a Ceia do Senhor. Não celebramos Pentecostes, Tabernáculo, pois estas festas faziam parte da dispensação do calendário judaico que era típico das realidades espirituais.

Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco (Gl 4:8-11). Paulo diz que isso são coisas antigas, estão voltando à escravidão, que fazia parte do tipo de culto da antiga aliança, não é mais da nossa época. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo (Cl 2:16-17).
Ilustração de Paulo aos Colossensses: Suponha que há uma luz forte atrás de mim, e alguém se próxima por trás de mim, mas não estou vendo a pessoa, qual a primeira coisa que eu vejo da pessoa? A Sombra da pessoa. Na sombra, pelo contorno não dá pra ver a face, não dá pra ver os olhos, não dá pra saber se é homem ou mulher, mas quando o corpo que projeta a sombra chega e vejo o corpo, estou o vendo face a face, eu não preciso mais da sombra, porque estou vendo o corpo. Logo, comida, bebida, dia de festas, lua nova ou sábado, isso era sombra, era Cristo que estava vindo no antigo testamento. E a sombra dEle estava projetada no antigo testamento. Quando Ele chegou, eu não preciso mais, porque agora Ele está presente, e aqueles simbolismos eram sombra. Tudo isso é misticismo, tudo isso apontava a chegada do Senhor Jesus.



Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus (Rm 14:1-6). Paulo diz aos cristãos judeus que estavam insistindo ainda em guardar o calendário judaico, e chama-os de débil na fé. Tem que ser respeitados, mas são débeis ou fracos na fé! Ficando claro no novo testamento que embora os cristãos tenham abolido o calendário judaico, particularmente o sábado como dia do Senhor específico. Há sinais claros na bíblia de que eles passaram a considerar o dia da ressurreição de Cristo como sendo o dia em que caracterizava para os cristãos o Dia do Senhor, dia em que eles se reuniam para cultuar a Deus. O dia em que Cristo ressuscitou passou a ser para os cristãos, aquilo que o sábado era para os Judeus, embora não observar aquela rigidez com determinações dos judeus fariseus, abusando da lei do quarto mandamento.

Era natural que isso acontecesse, porque para os primeiros cristãos, a lei moral de Deus não foi abolida por Jesus, na verdade, continua tendo o propósito que sempre teve, mostrar Santidade de Deus, mostrar o Seu caráter, e dizer de que maneira nós podemos agradar a Deus.



Senhor, de que maneira te agradeço por me salvar pela graça? Não farás para ti imagem de escultura, honra teu pai e tua mãe, lembra-te do dia de sábado para O santificar. Os cristãos naturalmente transferiram, passaram o sábado para o domingo pelas seguintes evidências: a ressurreição de Cristo no domingo (Mc 16:9), e no mesmo dia aparece aos seus discípulos (Jo 20:19), e no outro domingo, oito dias depois estavam os seus discípulos e Jesus apresentou-se no meio que disse: Paz seja convosco (Jo 20:26). Tudo isso sugere que, a ressurreição de Cristo foi o evento que aboliu o templo, aboliu os sacrifícios, aboliu os sacerdócio, e introduz agora o sentido da guarda do sábado que simbolizava o descanso espiritual, e que na ressurreição de Cristo nos traz o descanso eterno, a vitória, a vida eterna. Com a ressurreição de Cristo no domingo, mudou-se o foco dos discípulos, a partir daí eles entenderam que a questão de guardar o sábado era símbolo, era sombra, com muita naturalidade passa a ser o dia da ressurreição de Cristo, que é o cumprimento, o alvo, o propósito do mandamento do sábado, passando a reunir-se no domingo.



E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite (At 20:7). Reuniram-se no primeiro dia para partir o “pão”, e a essa altura, as igrejas cristãs já se reuniam no domingo com o objetivo de celebrar a ceia, não tem nada no novo testamento dizendo que os cristãos continuaram a reunir-se no sábado. Outra evidência foi quando Paulo disse: No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar  (1Co 16:2).
E para finalizar, quando João estava na ilha de Pátmos, teve a revelação no Dia do Senhor (é utilizada apenas uma vez no novo testamento e exatamente em Ap 1:10), em grego kuriakos (Kυριακη) que significa "que pertence ao SENHOR". Kuriakios, esse termo não foi inventado por João, pois foi tirado do vocabulário da sua época. Originalmente, esta palavra era usada com o sentido imperial, como algo que pertencia ao César romano. Kyriakos é uma forma adjetivada da palavra KurioV (Kýrios – Senhor) e significa literal e exatamente: “que diz respeito ao Senhor”; “concernente ao Senhor”; “pertencente ao Senhor”; “senhorial”, ou “dominical”, e não “do Senhor”, como lemos em algumas das nossas traduções. Os cristãos consideravam como Senhor, não César o imperador, mas Jesus, e utilizaram essa expressão para se referir o dia da ressurreição dEle. Kuriakios, o Dia em que o Senhor ressuscitou (termo utilizado também em 1Co 11:20). Então, quando Apocalipse é escrito o “domingo”, dia do Senhor já era um termo técnico teológico, para se referir ao domingo, e não ao sábado, porque os cristãos mui naturalmente com todas estas mudanças, passaram a celebrar o culto público a Deus no domingo, dia da ressurreição, dia do Senhor, dia em que introduz a nossa redenção, a nossa salvação, prenúncio da nova era, descanso eterno.

Usai o domingo como o Dia do Senhor, pois tem raízes profundamente bíblicas, as sombras já se foram, o corpo já veio e o vemos em plena luz, e na ressurreição terminou com templos, sacrifícios, sacerdócios, a lei cerimonial, e nos introduz ao culto espiritual de livre acesso a Deus, pela Sua mediação, onde todos nós podemos ministrar e servir ao Senhor.

Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele. (Sl 118.24)
Que neste Dia, possamos aproveitá-lo, e desfrutar de toda Sua plenitude, por amor do Teu nome. Bendito seja o nome do Senhor Jesus Cristo!


Neryvan Felipe
Sermão extraído de um áudio do Rev. Augustus Nicodemus - O Dia do Senhor
Site referência ~ http://monergismo.com/?feed=rss2&tag=sermao-em-audio


CREDO APOSTÓLICO

ORIGEM


O Credo Apostólico, o mais conhecido dos credos, é atribuído pela tradição aos doze apóstolos.[1] Mas os estudiosos acreditam que ele se desenvolveu a partir de pequenas confissões batismais empregadas nas igrejas dos primeiros séculos. Embora os seus artigos sejam de origem bem antiga, acredita-se atualmente que o credo apostólico só alcançou sua forma definitiva por volta do sexto século,[2] quando são encontrados registros do seu emprego na liturgia oficial da igreja ocidental. De um modo ou de outro, parece evidente sua conexão com outros credos antigos menores; como os seguintes:

Creio em Deus Pai Todo-poderoso, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor. E no Espírito Santo, na santa Igreja, na ressurreição da carne.

Creio em Deus Pai Todo-poderoso. E em Jesus Cristo seu único Filho nosso Senhor, que nasceu do Espírito Santo e da virgem Maria; concebido sob o poder de Pôncio Pilatos e sepultado; ressuscitou ao terceiro dia; subiu ao céu e está sentado à mão direita do Pai, de onde há de vir julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo; na santa Igreja; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo.[3]

O Credo Apostólico, assim como os Dez Mandamentos e a Oração Dominical, foi anexado, pela Assembléia de Westminster, ao Catecismo. “Não como se houvesse sido composto pelos apóstolos, ou porque deva ser considerado Escritura canônica, mas por ser um breve resumo da fé cristã, por estar de acordo com a palavra de Deus, e por ser aceito desde a antigüidade pelas igrejas de Cristo.”[4]

TEXTO EM PORTUGUÊS

Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.

NOTAS

* Extraído de Paulo Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Os Puritanos, 1998), 178-79.

[1] Alguns chegaram a sugerir que cada apóstolo teria contribuído com um artigo.

[2] Schaff, Creeds of Christendom, vol.1, 20. Citado por A. A. Hodge, Outlines of Theology (Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 115.

[3] O primeiro desses credos provém, provavelmente, da primeira metade do segundo século. O segundo, conhecido como Credo Romano Antigo, provém da segunda metade do segundo século. Ver O. G. Oliver Jr., “Credo dos Apóstolos,” em Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol. 1 (São Paulo: Vida Nova, 1993): 362-63.

[4] Citado por A. A. Hodge, Outlines of Theology, 115.

[5] Do Psalterium Aethelstani. Citado por Frans Leonard Schalkwijk, Coinê: Pequena Gramática do Grego Neotestamentário, 5 ed. (Patrocínio-MG: CEIBEL, 1989), 109.